09/11/2009

yes it's true!

"(...)sentei-me à mesa e tive vontade de escrever um poema. Fechei os olhos sob o sol generoso da tarde e escrevi mentalmente o que sentia naquele momento. Não sei exactamente que palavras acalentei no coração para responder àquela carta. Mas sei o que senti: medo. Um medo terrível de não saber o que fazer com aquele sentimento grande que se tornava maior do que eu. Medo de não estar à altura, de o desapontar. Medo de tudo não passar de um dos meus sonhos, com coisas improváveis. E, sobretudo, medo de o perder, embora tivesse agora a certeza do que aquele «para sempre» significava. (…)Chorei. Não sei se de alegria ou de pena por não ser mesmo essa concha transparente que ele pudesse transportar consigo nas fantásticas viagens através das ondas, entre algas e estrelas-do-mar. Na verdade, tive uma vontade súbita de pertencer-lhe como objecto querido que trazemos connosco em todas as ocasiões(…)
Quando dei por mim, estava na praia. Tirei os sapatos e corri para a beira-mar. A água fria insistiu em acordar-me e eu não queria.
- Está quentinha! – disse o Dunas, saindo do mar e borrifando-me os cabelos com gotas salgadas.
- Está um gelo!
Riu-se.
- Senta-te aqui – pediu-me, puxando a dobra dos meus calções.
- Sabes, Dunas…
- Encontrei um braço de lula gigante lá ao fundo – contou, eufórico, apontando a linha o horizonte.
- Eu queria dizer-te que…
- Deve ter havido luta com um tubarão.
- Credo! Há tubarões por aqui?!
- Foi só para ver a tua cara! – E riu-se outra vez.
- Olha Dunas, eu…
- Mas há raias gigantes. E lulas. E polvos de todos os tamanhos, lá ao fundo, claro.
- Está bem, mas…
- Eu encontro alguns, quando mergulho do barco de um amigo do Pedro, que também é pescador.
- Estou a ver. Agora, o que eu queria dizer-te era…
- Corais é que não há, e é pena.
Impacientei-me:
- Chiu! Importas-te de me deixar falar?
Riu-se descaradamente, a desafiar-me.
- Estás zangada?!
- Por enquanto não, mas vou ficar, se não me deixares falar! Detesto que me interrompam.
- Já sei tudo – atalhou com o maior descaramento.
- Sabes o quê, afinal, ah?
- Ora, que gostaste do meu poema e até o sabes de cor.
- Por acaso enganaste-te. (…)
Mergulhei para ganhar coragem:
- O que eu ia dizer-te, Dunas, é que hoje compreendi…
- Qua gostas muito mais de mim do que dantes. Eu também gosto mais de ti.
Baixei a cabeça, desolada. (…)
Viemos os dois a nadar até à praia. Depois, deixamo-nos cair sobre a primeira faixa de areia seca. Em seguida, o Dunas levantou-se bruscamente e deitou-se noutra posição, de cabeça em frente à minha e murmurou:
- É tudo verdade.
- O quê?
- Aquilo que eu escrevi...”

O guarda da praia

3 comentários:

Tegui disse...

Olá Pedrinho! 'Tá tudo?

Li esse livro muito novinha... É um dos meus favoritos, desde essa altura... Aindo o leio hoje em dia, é "o meu Principezinho"! =)

Surpreendeste-me, agora!

Caixinha de Magia *** disse...

ohhh.. fiquei curiosa de ler o livro depois deste pequeno extracto...

emprestas? :-Dcoarfa

Juja disse...

eu gsto tnto desse livro *.*

ja o li ha tnto tmpo..pusest m c vntde d o ler outr vz xD