06/03/2010

Acreditar, lutar e ... nunca mais largar!

Por vezes sentimos bem dentro de nós, que não estamos a agir da melhor forma, que nos estamos a “desleixar” de tudo o que nos rodeia.

Por vezes sentimos mesmo que devemos fazer qualquer coisa como plantar uma árvore, mesmo com a “tal” incerteza de que nem sempre poderemos comer os seus frutos, nem descansaremos à sua sombra. Ou descobrimos que devemos aplicar-nos não tanto ao nosso pequeno problema, mas a reconstruir as ruínas imensas que nos rodeiam.

Revolta-me o “dia de hoje”. Pois em toda a nossa volta a mentira é poderosa, e pobres daqueles que compreenderam a verdade tal e qual como ela é, e “amaram-na”, inocentes e inconscientes de tudo o que os rodeava... Pobres daqueles que procuraram e escavaram, inclusive desejaram a sorte para si mesmo e para os seus. Depois disso, limitaram-se a sofrer, e continuaram, calados com esse amor e com essa dor.

Quem vive para a família é habitado por ela e torna-se maior. Aliás faz o que nunca faria se vivesse para si mesmo. Foi isto que me ensinaram. Hum!?! Sinto que não tenho seguido estes ensinamentos. Tenho vivido para o NADA. Nem para mim mesmo eu vivo!

Quando perguntavam ao alpinista português João Garcia o porque dele desejar escalar o mais alto ponto dos Himalaias, ele respondeu: “ Porque ele está ali!”. Resposta simples hein? Pois eu cá interpreto de outra forma, para mim ele queria dizer com isso a naturalidade do encontro do homem com o seu sonho, com a sua tarefa, consigo mesmo o realizar de objectivos, etc.

É triste viver sem grandeza, como se vive hoje, como eu vivo hoje. É como estar longe de nós mesmos, é como termos perdido o nosso espírito nas grutas anteriormente percorridas. É ver apenas as sombras do mundo e da vida. É, de algum modo, não viver…

As coisas grandes são aquelas que o amor nos leva a fazer, e muitas vezes realizam-se por meio de pequenos gestos. Há muito que eu e muitos outros perdemos estes pequenos gestos, agora não passam de “pegadas perdidas na areia”. Fazem-se pisando os nossos apetites e gostos, abandonando o cómodo estojo no qual temos tendência a encerrar a nossa existência.

Num dia qualquer que irá chegar, como o de hoje, sabemos que teremos de partir, que termos de fazer da vida uma outra coisa… só isso, só mesmo isso, e partimos… Eu tenho que abrir os olhos e aperceber-me disso mesmo!!!

Continuando…

Deverá ser extremamente difícil subir ao ponto mais alto da montanha. Para isso deverá ser preciso trocar tudo o que até agora tínhamos pelo instante mágico de chegar ao cume da montanha. Ali tudo será radicalmente verdadeiro: não é possível fingir que se vai a caminho. Deixam-se as forças na íngreme escalada, rasga-se a pele nos rochedos, abandona-se o aconchego do calor do corpo ao vento e à neve e ao gelo. Caímos e apetece-nos ficar por ali. Por vezes não sabemos se conseguimos dar mais um passo. Mas temos que lá chegar! Eu quero ser assim!

Mas deve ser tão bonito! Tão único! Tão perfeito! Só ali se deve conseguir respirar verdadeiramente. Só ali se deverá ver todas as coisas com o seu verdadeiro relevo e com as suas cores verdadeiras. Só ali um homem se sentirá realmente “rico”!

Dizem que as amizades que se fazem na “montanha duram para sempre: nasceram da magra ração repartida debaixo das estrelas, de se apoiarem uns aos outros quando o que estava em jogo era a vida ou a morte, de cantarem juntos, das longas confidências testemunhadas apenas pelo vento.

Na “montanha” os amigos não são descartáveis companheiros de divertimento, como hoje em dia 90% deles são!

Não, não, não, na “montanha” eles precisam mesmo uns dos outros, fazem parte uns dos outros, uns são os outros.
Os que ficaram lá em baixo chamam-nos loucos. Encolhemos os ombros: esses queridos estão vivos, mas ainda estão mortos. Uma pessoa não vive quando vive apenas para si mesma, quando se acha que é a pessoa mais consciente, mais madura, mais realista. Eu cá acho que não se vive sem sal, sem risco, sem aventura, sem irrealismo, sem sonhos, sem vontades. Sabem acho que eles estão a precisar de uma inundação de alegria e de “irrealismo”.

E quanto a ti? Ora, eu quereria que partisses. Não necessariamente de um lugar para outro, não necessariamente para um lugar mau, pois não desejo isso a ninguém, mas sim, para fora de mim! Para onde tu mais quiseres, para onde também precisam de ti, para que talvez te possas encontrar e aperceber…

Tal como tu… eu talvez também precise de partir para um outro lugar, para um lugar onde precisem de mim, para um lugar onde talvez me possa encontrar…

…e aí realizar os meus sonhos “irrealistas”!!


"É erro vulgar confundir o desejar com o querer. O desejo mede os obstáculos; a vontade vence-os."
Alexandre Herculano


P.S.: Peço desculpa pelo tamanhão do texto.

3 comentários:

Vítor disse...

Belo texto! Cumps

Liliana disse...

eu estou fora de mim. eu neste momento sinto-me bem, porque ajudo o próximo, faço tudo por ele, até mesmo corro riscos em td o tempo.

mas acho que tu tens que te libertar, mesmo que não subas até ao cimo, sobe até onde te sintas bem, que respires sem problemas e que a consciência não te pese...O amor pode não ser tudo, mas faz tudo...
espero que a curto prazo nos vejamos, tou com saudades tuas pah...
beijinhos

Anónimo disse...

"Amei-te de uma forma desajeitada, arrebatadora e incondicional, sempre querendo e desejando o melhor por ti. O melhor só tu mesmo poderás encontrar e hoje estou certa que não passa por mim.
Não é a dor da rejeição que me massacra, é a dor de saber que nada poderá sobrar mais nada deste amor. Que a amizade não tem espaço nem voz entre duas pessoas (que se amaram)e desconfiam uma da outra com a facilidade de um inquisidor contratado a soldo."
"Porque é que amar alguém implica esta entrega, e esta dependência e todo o sofrimento que dai pode vir? Porque é que não sabemos amar e deixar voar aqueles que amamos?"

Sinto-me feliz por ter te amado ao ponto de te ter deixado voar.
"Em mim morrem todas as palavras todas as vontades,todo o que queria ter feito e não fiz, que te deveria ter dito e não disse"

kiwi :)